25 de abril de 2011

As cadeias, as escolas e os direitos humanos

A reportagem de ANotícia “Joinville nos planos do PGC”, desta segunda, 25/04, me assustou (confira clicando no link http://bit.ly/gzqQkL)

Ora, eu não sou ingênuo a ponto de acreditar que nossas cadeias e penitenciárias são oásis de tranqüilidade. Eu sei que existe tráfico de drogas, sei que existe comando de dentro pra fora do sistema prisional, hierarquia entre os presos, corrupção e mais uma infinidade de problemas.
Mas como pode existir tamanha organização? Os caras da facção PGC - Primeiro Grupo Catarinense - têm estatuto! Conselho! Reuniões! Comunicados! Dízimo!!!
Pasmem todos: Eles têm, segundo a reportagem, um ponto de venda com a “grife” PGC, dentro das cadeias. Ponto de venda dentro das cadeias? Já não é demais??? “Uma cela em cada galeria serviria como local de comércio”, prossegue a reportagem. “O projeto mencionava multiplicar por 40, [os pontos de venda] em dois meses”. Pára com isso. Tá errado demais! É complicado ACABAR com o tráfico de drogas dentro das cadeias, mas multiplicar por 40? Lojas de drogas dentro das nossas cadeias... Agora vejam o profissionalismo dos meliantes: “Metade seria investida no negócio. O restante iria para o caixa da organização criminosa e serviria para os propósitos da facção”. Desculpem-me a expressão, mas PQP!!! Esses bandidos desbancam muito empresário por aí. 50% para reinvestir no negócio.
Eu sou favorável aos Direitos Humanos. Nós não podemos tratar os apenados de forma indigna, sob risco de nos igualarmos a eles. O que não pode é dar mordomia, regalia, vida boa. Os caras queimam colchão pra fazer rebelião e depois vem outro, inteiro? Agora tem que dormir no chão!!! Os caras fogem, são recapturados e voltam pra cela normal? Agora vai ficar na cela isolada!!! Foi pego com um celular, droga ou lixa que a mulher trouxe na visita íntima? Acabou a visita íntima!!! 
Assim não dá pra ficar. Se temos inteligência no governo, temos gente, temos dinheiro dos tributos, temos as soluções que são apontadas por especialistas e mesmo pelo próprio governo, porque o problema não acaba de uma vez?
Para fugir um pouquinho do fato mas não do tema: um preso custa ao Brasil, segundo o relator da CPI do Sistema Carcerário, Deputado Federal Domingos Dutra (PT-MA), entre R$1.300 e R$ 1.600 por mês. São 440 mil presos no Brasil, então se gasta quase 8,5 BILHÕES de reais por ano com essa cambada.
Já de acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão ligado ao Governo Federal, nas três esferas governamentais o investimento em educação foi de R$ 193,08 mensais para estudantes do ensino médio.
“Quem abre uma escola, fecha uma prisão”. Victor Hugo, intelectual francês.

Um comentário:

Fábio L. Chaves disse...

Gui, primeiramente quero dizer que vou te contrariar para fomentar esse debate, embora meu sentimento muitas vezes é de revolta também. Pois bem, essa análise feita é bem superficial ao tema "cárcere no Brasil", digo, a problemática deve ser analisada no todo. Quais são os motivos da prisão? Quem está preso? Qual classe predominante está presa? Etnia? Entre outras perguntas que devem ser levantadas para entendermos melhor esse tema. Muito se fala em punir, punir e punir, mas Foucault nos ensina sobre humanismo e direitos humanos. Punir os que estão à margem da sociedade é o escape para calar o clamor do povo... Vamos falar em punir (não digo que você está errado) quando todos os que erraram e erram, leia-se os que cometem crimes, estiverem presos. Até lá, nos encontraremos na cela... Hehehe Afinal, quem nunca excedeu o limite de velocidade, ou dirigiu embreagado, ou comprou um cd pirata? Concordo plenamente sobre o que foi dito da educação, que em nosso país é uma lástima. Mas comparar com o que é gasto com o cárcere não é o caminho, pois nem o cárcere, nem a educação têm a verdadeira atenção que merecem. Enquanto o primeiro é escola para crime, o segundo sofre um crime a cada que é deixado de lado... Enfim, um problema é o nosso sistema prisional deficitário, nossas políticas públicas que favorecem o dinheiro, nosso sistema penal que puni só as minorias. Outro problema é a nossa educação desmoralizada, abandonada e sem planejamento. Cada qual com sua diferença. Cada qual com sua solução. Afinal, a política não conserta para não chegar ao fim...